Mapa Interactivo da Orelha © Sofia Santos, 2008

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ESTUDO INTERACTIVO DOS PONTOS AURICULARES (segundo Dr. Paul Nogier)

OBJECTIVO

Este website, realizado no âmbito da cadeira de Auriculoterapia I, tem por objectivo o poder aprofundar os conhecimentos de auriculoterapia na perspectiva ocidental, concretamente segundo a escola francesa que, através dos estudos dedicados e meticulosos do seu principal investigador, Dr. Paul Nogier, impulsionou decisivamente o evoluir desta ciência.

O interesse deste trabalho é o de poder divulgar aos colegas da disciplina, de uma forma clara e prática, o conhecimento de um conjunto simplificado de pontos auriculares (30), ainda hoje utilizados, que lhes poderão permitir iniciar-se nas práticas terapêuticas.

Os mapas e páginas interactivas aqui apresentadas permitem ao formando adquirir conhecimentos da anatomia auricular, localização dos pontos auriculares e sua função, bem como a oportunidade de testar os seus conhecimentos (Teste o que sabe!)

INTRODUÇÃO

A história da medicina, por mais que se remonte o seu curso, apresenta traços de práticas que se podem assemelhar a uma auriculoterapia rudimentar, desde a China antiga, Egipto, Europa na Idade Média, até que no início da década de 50 do séc. XX, o Dr. Paul Nogier recebia no seu consultório pacientes que apresentavam uma cauterização na orelha feita por uma curandeira de Marselha, com o propósito de aliviar as dores causadas por uma nevralgia ciática.

O ponto cauterizado localiza-se no terço central do ramo inferior da anti-hélice, no ponto hoje denominado ciático. Apesar de usar nos seus pacientes o mesmo procedimento e obter um resultado favorável, só após anos de estudos o Dr. Nogier associou este ponto à quinta vértebra lombar. Conseguiu correlacionar a anti-hélice com a imagem da coluna vertebral, cujas partes estavam invertidas, as vértebras lombares em cima e as cervicais em baixo. Aí nasceu a ideia de que todo o pavilhão auricular representaria a imagem de um feto no útero materno. Estava a nascer a Teoria do Feto Invertido que revolucionou o desenvolvimento da Auriculoterapia.

bebe-orelha

Figura 1 – A Teoria do Feto Invertido
(Bontempo, 1999)


A Escola Francesa de Auriculoterapia não tem nenhuma relação com as teorias da Medicina Tradicional Chinesa. A Escola Francesa está associada ao desenvolvimento dos 3 folhetos embrionários na formação do ser humano, os quais vão dar origem aos diferentes tecidos, órgãos, sistemas, aparelhos do corpo humano. Através de estudos e pesquisas, o Dr. Nogier associou a endoderme, a mesoderme e a ectoderme a diferentes partes da orelha externa.

A endoderme, camada interna do folheto embrionário, dá origem às vias aéreas superiores e pulmões, diafragma, estômago, vesícula biliar, pâncreas, fígado, intestino e bexiga. Segundo Dr. Nogier os pontos reflexos dos órgãos de origem endodérmica estão localizados exclusivamente na concha da orelha externa (hemiconcha inferior ou concha cava e hemiconcha superior ou concha cimba). Os rins e o coração por terem origem na mesoderme, não têm os seus pontos incluídos, como na escola chinesa.

A mesoderme, camada intermediária do folheto embrionário, dá origem à derme, músculos incluindo o coração, esqueleto, crânio, órgãos genitais e rins. Segundo o Dr. Nogier, todos eles se distribuem na raiz ou ramo da hélice, na anti-hélice e no antítrago.

A ectoderme, camada externa do folheto embrionário, dá origem ao sistema nervoso central encéfalo, tronco cerebral, medula e periféricos, à epiderme e seus anexos (pêlos, unhas, glândulas). Os pontos reflexos relacionados com estas partes do corpo estão localizados na parte inferior da hélice (do tubérculo de Darwin até o final da hélice), no lóbulo e no trago.

ANATOMIA DO PAVILHÃO AURICULAR e NOMENCLATURA ANATÓMICA

O pavilhão auricular possui formato oval, com a extremidade maior voltada para cima e a superfície lateral levemente côncava e inclinada para frente. Está localizado nos dois lados da cabeça, posteriormente à articulação temporomandibular (ATM) e à região parotídea, anterior à região mastóide e abaixo da temporal.


O pavilhão auricular é formado de tecido fibrocartilaginoso, ligamentos, músculos e tecido adiposo. A parte inferior do pavilhão é rica em vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. Já o terço superior é formado essencialmente por cartilagem. O lóbulo da orelha apresenta, na maior parte de sua constituição, tecido adiposo e conjuntivo.
 

O sistema sanguíneo da orelha é abundante, sendo o suprimento arterial realizado principalmente através da artéria temporal superficial, auricular posterior e da carótida externa. As veias acompanham as artérias e possuem a mesma designação, com excepção da veia jugular posterior que drena as áreas irrigadas pela artéria carótida.

Os vasos linfáticos da face anterior desaguam nos gânglios linfáticos da parótida e muitos dos vasos linfáticos da face posterior desembocam em linfonodos retro auriculares.

A inervação do pavilhão auricular é muito rica. Podemos dividir a estrutura nervosa em duas partes principais:

  • Nervo espinal (auricular maior e occipital menor) que se encontram mais localizados no lóbulo, na hélice, fossa escafóide e anti-hélice.

  •  Nervos cerebrais (auriculotemporal e vago), que se encontram mais nas conchas.

Segundo Souza (1994) cada orelha possui uma inervação de vinte ramos nervosos terminais (16 nervos sensoriais (aferentes) que recebem sinais vindos dos órgãos dos sentidos e 4 nervos motores (eferentes), cujos axónios terminam todos em fibras musculares e estimulam a contracção) e que esses nervos, quando estimulados, sensibilizam regiões do cérebro. Os pontos presentes na superfície da orelha têm relação directa com determinados pontos do cérebro, que por sua vez estão directamente ligados pela rede do sistema nervoso a determinados órgãos ou regiões do corpo, comandando suas respectivas funções. Tendo em vista a relação aurícula-cérebro-órgão, a auriculoterapia torna-se um eficaz recurso terapêutico para tratar as mais diversas enfermidades.

"Um estímulo periférico sobre a malha de corrente sanguínea e nervosa transmite-se ao tálamo e deste ao cerebelo, ao tronco cerebral, ao encéfalo e a todos os núcleos cerebrais, nascendo, daí, a acção do cérebro sobre todo o organismo que, como feedback, se equilibra e se regenera" (Souza, 1994).

O pavilhão auricular apresenta várias depressões e saliências cartilaginosas. Nas partes mais profundas estão localizados pontos relacionados com os órgãos internos e as partes salientes apresentam pontos que se relacionam principalmente com as estruturas ósseas do corpo.

O pavilhão auricular é observado nas suas duas faces

  • Face externa ou anterior: face visível, quase paralela à parte do crânio sobre a qual está inserida. Nesta face podemos reconhecer as seguintes estruturas: Hélice, Raiz da Hélice, Tubérculo Auricular (ou tubérculo de Darwin), Anti-Hélice, raiz superior da Anti-Hélice, raiz inferior da Anti-Hélice, Fossa Triangular, Fossa Escafóide, Trago, Anti-trago, Incisura Intertrágica , Incisura Supratrágica Lóbulo, Concha Cimba (ou hemiconcha superior) e Concha Cava (ou hemiconcha inferior).

  • Face interna ou posterior. Face escondida, de frente para a região mastóide, também apelidada de parte rectroauricular do pavilhão. É constituída por 3 faces dorsais – Hélice, Lóbulo e região entre a Fossa Escafóide e Lóbulo, 4 sulcos -  Anti-Hélice, raiz inferior da Anti-Hélice, Raiz da Hélice e Antitrago, 4 proeminências – Fossa Escafóide, Fossa Triangular, Concha Cimba e Concha Cava.

OS PONTOS AURICULARES

A cada ponto da orelha corresponde uma região periférica precisa, limitada, no plano espacial, do ponto de vista histológico. Esta região, aquando de uma alteração patológica pode dar sintomas locais, regionais ou gerais que o fisiologista frequentemente não explica.

Para a escola francesa, cuja linha de actuação se fundamenta na Teoria dos Reflexos, o sistema de pontos auriculares reflexos é um “sistema flutuante”, onde os pontos não são fixos e só se reflectem na orelha quando existe um distúrbio correspondente. Já na auriculoterapia praticada pela escola chinesa, é levada em conta a influência dos meridianos que passam próximos à orelha, pratica-se rotineiramente a tonificação e a sedação dos pontos auriculares, mas dificilmente se fala em “pontos mudando de lugar”.

Segundo a teoria de Paul Nogier, o conhecimento aprofundado do pavilhão da orelha como ponto-reflexo permite distinguir dois tipos de pontos auriculares.

Os primeiros, chamados “pontos de comando de órgãos” (vulgo “pontos de órgãos”) correspondem às zonas reflexas de determinado órgão, víscera, músculo, glândula, etc., sendo a sua acção nitidamente local. Com o auxílio da imagem fetal auricular, observam-se alguns pontos de correspondência, precisos, localizados, específicos. Cada um dos pontos de órgãos tem um nome que exprime a sua acção principal (serão equivalentes aos “pontos de zona correspondentes”, embora não haja em certos casos, coincidência de nomenclatura, nem da sua localização).

Os segundos, denominados “pontos-guia” têm uma acção de carácter geral, podendo intervir numa parte do organismo ou numa função. Não têm correspondência somatotópica. Para isolá-los é preciso apoiar-se na forma e nos relevos do pavilhão e não na cartografia reflexa. Sua acção é vasta, agindo sobre uma região da orelha e, portanto, do corpo, mas também sobre as funções e reacções do paciente. A actividade dos pontos-guia pode não só completar o tratamento dos pontos de órgãos, mas ainda permitir que estes sejam eficazes quando estimulados. São equivalentes aos “pontos funcionais” (classificação da escola chinesa).

Actualmente a escola francesa baseia o seu trabalho no tratamento de pacientes por Auriculoterapia em 57 pontos auriculares.

O trabalho agora apresentado tem por base a selecção, efectuada pelo Dr. Paul Nogier, de 30 pontos auriculares, que serão os necessários e suficientes para que o terapeuta (ainda) principiante possa obter bons resultados nos seus tratamentos. Vai ser possível observar e apreender o nome, localização e função de 15 pontos de órgãos (numerados de 1 a 15) e de 15 pontos-guia (numerados de 16 a 30)

A escolha dos pontos e o conhecimento das suas propriedades tem por base anos de observação clínica e de experimentação científica; são na realidade pontos-chave extremamente preciosos, que foram testados vezes sem conta.

Além disso, o terapeuta principiante tem dificuldade em ver claramente no meio da floresta de pontos que alguns autores apresentam nos seus tratados.

“Aqui, o que é precioso é que a simplicidade se pode aliar à eficácia.”

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bontempo, M., 1999. Medicina natural. Editora Nova Cultural, São Paulo.

García, E. G., 1999. Auriculoterapia. Editora Roca Lda., São Paulo, 445 pp.

Malta, J., 2007. Manual de Estudos de Auriculoterapia I, 53 pp.

Nogier, P. M. F., 1998. Noções Práticas de Auriculoterapia. Editora Andrei, 168 pp.

Souza, M. P., 1994. Tratado de Auriculoterapia. Editora Look, Brasília.

 


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